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Entrevista a Paul Mason, sobre "Como Travar o Fascismo (Objectiva), no Fólio


 Encontrámos Paul Mason cansado, mas sempre disponível para conversar. Durante a edição do Fólio, o autor britânico, que é formado em Música e Política pela Universidade de Sheffield, e que foi jornalista do The Guardian e editor de Economia do Channel 4, conversou com Mariana Mortágua sobre “Moeda” e com Paulo Moura sobre o seu livro “Como Travar o Fascismo” (Objectiva), entre entrevistas e declarações. A Biblioteca Municipal / Casa José Saramago recebeu a Comunidade Cultura e Arte para uma conversa com o autor sobre o seu mais recente livro publicado em Portugal.

Deixe-me começar com uma citação do seu livro: “Em 2020, quando os antifascistas dos Estados Unidos iniciaram um tópico no Twitter a arrolar todas as definições conhecidas de fascismo, encontraram mais de trinta. Algumas tinham a extensão de uma página. Outras eram frases de três linhas tão densas em gíria académica que podiam dar-nos uma dor de cabeça. Muitas contradiziam-se diretamente”. Temos uma definição para fascismo?
Não creio que a definição seja o mais importante. Tal qual o historiador Robert Paxton, penso que o mais importante é entender como é um processo fascista. Estamos demasiado obcecados em olhar para os partidos e em categorizá-los como fascistas ou não-fascistas.

Existe uma área onde é importante fazer isto, que é na aplicação da lei. Por exemplo, na Alemanha, a lei tem uma definição de fascismo que permite ao Estado alemão dizer, como disse a 7.000 membros da Alternativa para a Alemanha [Alternative für Deutschland], que eles pareciam fascistas e ficariam sob vigilância. É aqui que a definição entra.

Para aqueles que lutam contra o fascismo, o mais importante é perceber como é o processo fascista, que tipos de organizações cria, que tipo de ações causa, como é que põe a democracia em causa. É disso que trata o livro. Mas fico contente por poder dizer, porque toda a gente clama por uma definição, quais é que acho que estão erradas. No entanto, o mais importante para mim é que o fenómeno, na sua totalidade, é o medo da liberdade motivado por um deslumbre de liberdade mobilizado para fins violentos. É isso que vemos quando encaramos o fascismo.

Posso dar uma lista de atributos atuais de muitos partidos fascistas, por exemplo, o elemento comum de todos os fascismos, agora, é o desejo de uma guerra civil étnica e global. É com isto que todos sonham, seja a RSS [Rashtriya Swayamsevak Sangh] na Índia ou as milícias da Supremacia Branca, nos Estados Unidos, ou as fações de “linha dura” atrás de Bolsonaro. Alexander Dugin na Rússia, também. Eles sonham com uma guerra civil étnica e global. Há variantes, estão a chegar e precisamos de estar preparados.
Todos os fascistas estão em guerra contra a modernidade. Isto não era verdade com Mussolini, mas é verdade agora. Todos querem reverter o século XXI. Odeiam-no.

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