"Jornais como “Observador”, “Expresso” e “Público” têm um “feed” de actualização constante sobre a Covid-19. Não é Patrício quem alimenta as notícias. São os países encerrados, sem gente na rua, com os estádios vazios, que alimentam uma máquina voraz, ubíqua, sempre pedindo mais e mais informação. Do outro lado do ecrã, seja do “tablet”, computador ou telemóvel, está o consumidor, sem dar descanso ao cérebro. É engolido pela atroada do mundo. Sem dar conta, torna-se “hikikomori”, a quem entregam os mantimentos à porta de casa para que se possa manter isolado entre paredes, mas ligado ao mundo através de um ecrã. Isolado, mas não em sossego. É eremita contrariado com medo de si, sem saber lidar com o tédio, nem instrumentalizar o silêncio. Se não tem estímulos, o ser humano vira-se para o seu interior. E pode não gostar do que vê. A necessidade de mutismo é necessidade de conhecimento."
Ler Nº 153
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