Há tempo para as crianças. A 21º edição das Correntes d`Escritas reservou espaço no seu vasto programa para que autores infantojuvenis dessem voz ao espanto dos mais pequenos. Raquel Patriarca, Valter Hugo Mãe e Adélia Carvalho apresentaram os seus mais recentes livros para os leitores mais imberbes deste festival da Póvoa de Varzim. E eram muitos os que estavam na Sala de Atos do Cine-Teatro Garrett.
Valter Hugo Mãe privilegiou a apresentação das duas autoras em detrimento do seu próprio livro.
Sobre Raquel Patriarca e Adélia Carvalho, o autor de “A Desumanização” afirmou que eram “as melhores escritoras para crianças que existem no país, agora. Elas sabem perfeitamente o que é um texto para crianças.” “A história de uma história” (Acento Tónico), de Raquel Patriarca e da ilustradora Sara Cunha, e “A menina que queria desenhar o mundo” (Nuvem de Letras), de Adélia Carvalho e do ilustrador Sérgio Condeço, são exemplos da capacidade das autoras para criar textos com limpidez e simplicidade que podem ser apreendidos pelo espírito infantil. Além disso, têm uma vertente lúdica difícil de encontrar, pois há sempre um jogo dentro, um convite à cumplicidade com a criança. “É claríssimo que elas são duas eruditas da literatura infantojuvenil, são duas estudiosas da literatura para as crianças e, por isso, são dotadas dessa capacidade até académica de entenderem para quem estão a escrever.”
Sobre Raquel Patriarca e Adélia Carvalho, o autor de “A Desumanização” afirmou que eram “as melhores escritoras para crianças que existem no país, agora. Elas sabem perfeitamente o que é um texto para crianças.” “A história de uma história” (Acento Tónico), de Raquel Patriarca e da ilustradora Sara Cunha, e “A menina que queria desenhar o mundo” (Nuvem de Letras), de Adélia Carvalho e do ilustrador Sérgio Condeço, são exemplos da capacidade das autoras para criar textos com limpidez e simplicidade que podem ser apreendidos pelo espírito infantil. Além disso, têm uma vertente lúdica difícil de encontrar, pois há sempre um jogo dentro, um convite à cumplicidade com a criança. “É claríssimo que elas são duas eruditas da literatura infantojuvenil, são duas estudiosas da literatura para as crianças e, por isso, são dotadas dessa capacidade até académica de entenderem para quem estão a escrever.”
Para Adélia Carvalho, “A menina que queria desenhar o mundo” é uma metáfora do crescimento, das respectivas dificuldades e crescente deslumbramento. Uma menina decide desenhar o mundo e depara-se com a dificuldade em fazer caber esse mundo numa folha de papel. Mas ela não conhece a palavra desistir. Um pequeno traço irá ganhar asas e levá-la a terras distantes. Depois regressa. Ela desenha um mundo, experimenta o ser e o fazer para depois aceitar o conforto de um regresso.
“Era vez uma mãe. Estava sentada numa cadeira de baloiço, num fim de tarde de verão, e embalava no colo o filho, enquanto lhe contava uma história...” Assim começa o livro de Raquel Patriarca e Sara Cunha, agora apresentado nas Correntes d`Escritas.
Em “A história de uma história”, a narração vai sendo empurrada pelas perguntas do filho. É a curiosidade infantil que faz a contadora de histórias imaginar e adaptar a narração aos anseios do ouvinte. Com muita simplicidade, Raquel Patriarca demonstra os mecanismos da ficção, a “casa das máquinas” de um escritor. Neste caso, lá dentro está a capacidade de ouvir a criança e escrever/narrar para ela. E o espanto. É com o espanto que o ursinho Alecrim e o amigo Giesta vão vivendo as suas aventuras e abrindo as janelas do mundo.
Foi Raquel Patriarca que sublinhou a generosidade de Valter Hugo Mãe, pois o autor preferiu falar sobre os outros livros do que do seu. Em “Serei sempre o teu abrigo” (Porto Editora) está a voz delicada de Valter Hugo Mãe sobre a relação entre avós e netos. Segundo Raquel Patriarca, o livro “conta a história de uma equipa maravilhosa de duas pessoas que têm formas muito diferentes de amar. Na verdade, formam uma equipa perfeita.”
Depois de instigado pela autora, Valter Hugo Mãe falou sobre o seu livro: “Este livro é dedicado à minha mãe e ao meu pai. A minha mãe foi operada ao coração, e eu fiquei lixado. Entendo que é necessário, mas sou muito contra abrirem os peitos às mães para mexerem nos corações. Os médicos não param de pôr a arejar os lugares do amor. Eu tinha muito medo que o amor evaporasse ou se soltasse. As minhas histórias têm alguma dificuldade, ou às vezes têm alguma tristeza, mas pretendem instalar ou conquistar a alegria.” “Serei sempre o teu abrigo”, história de dois avós que amam de forma tão diferente, “é para as pessoas a quem lhes mexem no peito.”
Três livros dedicados aos mais novos num festival que vai desde a primeira palavra contada até às palavras lidas pelos mais experimentados leitores. Todos têm lugar.
Mário Rufino
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