A 20ª edição das Correntes d' Escritas começou com a participação do professor Jorge Carlos Fonseca, Presidente de Cabo Verde e da CPLP. “ As Letras da Língua e a Mobilidade dos criadores na CPLP", título da Conferência de Abertura, foi ao encontro das prioridades do presidente da CPLP: “avançar o mais brevemente possível com um plano de mobilidade que permita a livre circulação de pessoas entre os nove países daquela organização”.
As cerca de 200 pessoas presentes na sala principal do Cine-Teatro Garrett ouviram Jorge Carlos Fonseca afirmar que este encontro internacional das Correntes é uma pátria de todos os que respiram literatura, seja em português ou castelhano. Na Póvoa de Varzim, as línguas portuguesas convivem com o castelhano. No caso de Cabo Verde, a língua portuguesa convive com a língua materna cabo verdiana, o crioulo.
“Ė através da língua que nos identificamos, é um ancoradouro . A língua funciona também como janelas para outros mundos que entram em nós e moldam a nossa identidade.”
A coexistência do crioulo com o português confere riqueza aos falantes de Cabo Verde
A coexistência do crioulo com o português confere riqueza aos falantes de Cabo Verde
É através da língua que se compreende o passado e se projecta o futuro.
“Somos inquilinos desta casa secular. Esta língua que falamos carrega consigo novas vontades, que nos levaram a reunir em comunidades. A mobilidade dos povos é o assunto do momento na civilização em que vivemos.”
Estimular, desenvolver e executar esta mobilidade. É o desiderato desta direcção da CPLP.
A livre circulação é o caminho a trilhar, seja de pessoas, mercadorias ou ideias contra a cegueira dos cépticos. Uma comunidade assente em números, mas entrelaçados por afectos.
A Língua Portuguesa é a quinta ou sexta mais falada no hemisfério ocidental e está em expansão. Para o poeta, isto pouco vale quando escreve o poema. São biliões que falam a língua, mas são poucos os que escrevem poesia ou prosa.
"Apesar das estatísticas é numa ilha que o escritor vive". Ė dessa ilha que o escritor escreve e, em consequência, convida o leitor a visitá-lo.
"Apesar das estatísticas é numa ilha que o escritor vive". Ė dessa ilha que o escritor escreve e, em consequência, convida o leitor a visitá-lo.
A língua portuguesa moldou a personalidade de José Carlos Fonseca através da literatura, dos clássicos, mas também pelo futebol, nas crónicas de Homero Serpa, Alfredo Farinha e Vítor Santos no jornal “ A Bola". São os canónicos. Mas existem novos campos tangíveis nos novos escritores, cujo aparecimento deve ser celebrado.
Terminou evocando dois nomes que engrandeceram a literatura portuguesa e a cabo verdiana. Henrique Teixeira de Sousa e Sophia Mello Breyner Andresen promovem constantemente a circulação de ideias e o enriquecimento das línguas em português.
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