Valter Hugo Mãe esteve na 20º edição das Correntes d`Escritas para apresentar “Elogio da Sombra”, colecção de poesia da qual é coordenador, na companhia de Andreia C. Faria (poeta), José Rui Teixeira (poeta) e Vítor Gonçalves (editor coolbooks)
O autor de “A Desumanização” propõe esta colecção publicada pela Coolbooks como “lugar de encontro para quem não se basta com medianias e valida a vida a partir do seu amplo mistério, do quanto tem para revelar”. Depois da sua “voz”, ouvida na sua “publicação da mortalidade”, é a vez de dar a palavra poética a quem o autor e coordenador vê qualidade.
Os quatro livros, publicados há duas semanas, são um exemplo de uma aposta que se quer consistente, afirmou Vítor Gonçalves, editor da Coolbooks.
Para Valter Hugo Mãe, coordenar esta colecção é pura alegria, pois sonhou com poesia a vida toda. Foi a oficina da poesia que o ensinou a escrever. Tem mais livros de poesia do que qualquer outra coisa em casa.
Desde a anterior experiência – na Quasi há quinze anos – o mundo passou por grandes alterações, afirmou. Há mais fealdade e mais angústia. Aquilo que se dava como garantido é agora instável. O lugar do poeta mostra essa mudança.
É vibrante dar livros de poesia ao leitor porque há uma geração de autores cheia de energia, com alguma raiva até. Por esta razão, procura convencer a editora a aumentar o acordo de 10 livros por ano para 50 livros por ano. Neste momento, já tem previstos títulos para os próximos três anos.
José Rui Teixeira, Isabel de Sá, Andreia C. Faria e Luís Costa são os primeiros autores a serem publicados.
“Autópsia (Poesia Reunida)” (Coolbooks), de José Rui Teixeira, reúne “dois ciclos de seis anos de trabalho do teólogo e poeta portuense: Diáspora e Antípoda , que são antecedidos por cinco inéditos de Eclipse (de 2018).”
José Rui Teixeira já havia sido publicado na Quasi, em 2002, ainda Valter Hugo Mãe era um dos líderes do projecto.
O autor de “Autópsia (Poesia Reunida)” recebeu nessa altura uma carta de Valter Hugo Mãe, mas nada percebeu entre o seu nome no início e a assinatura de Valter no fim. A carta era ilegível. Leu e releu, mas teve que telefonar, constrangido, para saber se era editado ou não. Já como editor, publicou “Pornografia Erudita”, do agora seu coordenador, e “Poesia Reunida”, da então estreante Andreia C. Faria. Para José Rui Teixeira, Andreia C. Faria é uma voz imprescindível na poesia contemporânea.
“Andreia é a voz feminina que mais me interessa.”
Andreia C. Faria, vencedora do Prémio SPA 2018 para o melhor livro de poesia, inclui em “Alegria para o fim do mundo” (Coolbooks) obras há muito esgotadas, cuidadamente revisitadas, e vários poemas inéditos.
O que faz tem a ver com bravura, franqueza, coragem, afirmou Valter Hugo Mãe.
“Gosto da sua perigosidade, de um certo sujo"
“Gosto da sua perigosidade, de um certo sujo"
Andreia C. Faria faz parte de uma maravilhosa geração de poetisas em Portugal.
A autora tinha alguns convites para reeditar livros já esgotados. Não lhe fazia sentido reeditar, mas o “factor valter”, para Andreia C. Faria, teve um efeito fundamental. Os autores presentes nesta colecção tiveram também muita influência.
“O real arrasa tudo” (Coolbooks), representa a estreia de Isabel de Sá. A poetisa e artista plástica tem neste volume o essencial de 15 anos de trabalho.
A autora teve a obra completa publicada na Quasi. É uma das poetisas mais relevantes na poesia portuguesa, afirmou Valter Hugo Mãe. Desde a Quasi que não publicava.
O quarto livro publicado é da autoria de Luís Costa. “Amar o tempo das grandes maldições” (Coolbooks) situa-se, segundo o coordenador da colecção, “ao centro absoluto da existência”. É uma estreia, apesar de o autor ter cinquenta anos. É o primeiro estreante nesta colecção.
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