Domingo, 26 de janeiro
«As águas do desespero não hão de tragar-me, juro. A solidão é grande. A vida em Rodmell é tão choca. Húmida, a casa. Em desordem. Mas não
há outra alternativa. E os dias hão de crescer. O que me falta é a energia de outrora.»
Lisboa, 3 de janeiro de 2019 – Depois de Diário 1915-1926, a
Bertrand Editora publica agora o segundo e último volume de uma
seleção personalizada e adaptada para Portugal do Diário de Virginia
Woolf, com organização e notas de Anne Olivier Bell. Traduzido por
Maria José Jorge, Diário 1927-1941 retrata um dos períodos criativos
mais fecundos de Virginia Woolf, numa altura em que se afirmou
como uma das figuras de maior relevo dentro da sociedade literária
londrina. São desta época algumas das suas obras mais marcantes,
nomeadamente Rumo ao Farol (1927), Orlando (1928) e Um Quarto
que Seja Seu (1929). Chega às livrarias a 11 de janeiro.
«O Diário é um retrato de si e do seu mundo próprio, naturalmente,
mas é também, e por vezes, o retrato de uma época; nestes quinze
anos vislumbra-se a sociedade inglesa, e a sociedade europeia, na
quietação e na guerra, nas palavras dos homens, nos hábitos e nas
procuras. Estes são os anos em que o mundo de Virginia Woolf se
desagrega: amigos morrem, morrem os jovens na guerra, a ameaça
de uma invasão ensombra os dias», escreve a tradutora em nota
incluída nesta edição. Neste diário, somos convidados a conhecer as
reflexões mais íntimas de Virginia Woolf sobre o mundo e sobre a
Humanidade, com uma singularidade e universalidade que muito
poucos conseguem alcançar. A 28 de março de 1941, Virginia Woolf
suicidou-se, afogando-se no rio Ouse.
Virginia Woolf nasceu em Londres, em 1882. Após a morte do pai, Sir Leslie Stephen, primeiro
editor do Dictionary of National Biography, Virginia e a irmã, a pintora Vanessa Bell, mudaram-se
para Bloomsbury e tornaram-se membros incontornáveis do grupo com o mesmo nome. Este
coletivo informal de artistas, do qual faziam parte Lytton Strachey e Roger Fry, influenciou
fortemente a cultura britânica no início do século XX. Em 1912, Virginia casou com Leonard Woolf,
escritor e reformista social. Três anos depois, publicou o seu primeiro romance, A Viagem, no qual
lança as sementes do seu estilo narrativo distintivo e inovador. Em 1917, Virginia e Leonard
fundaram a Hogarth Press, que inauguraram com a publicação do livro Two Stories, em coautoria,
impresso à mão na sala de jantar da sua casa no Surrey. Os seus períodos de intensa criatividade
eram frequentemente intercalados de períodos de sofrimento psíquico intenso, com início após a
morte da mãe, em 1895. A 28 de março de 1941, meses antes da publicação do seu derradeiro
romance, Entre os Actos, Virginia Woolf suicidou-se.
0 Comentários