Uma boa história leva-nos muito longe.
É esta premissa de Jules Verne (1825-1905) que impele Miguel Strogoff a percorrer milhares de quilómetros. Essa viagem, com todas as suas atribulações, prende o leitor da primeira à última página. Mal entra no livro, o leitor vê-se no meio da acção. Na conversa entre o general Kissoff e Czar Alexandre II, no Palácio Novo, fica combinado o destino de Miguel Strogoff, correio do Czar: Viajar mais de 5000 km com destino a Irkutsk para entregar a mensagem de que o traidor Ivan Ogareff planeia ganhar a confiança do governador (irmão do Czar) para depois o trair. Os tártaros teriam assim o caminho livro para conquistar Irkutsk.
O primado da história não afasta o texto das qualidades literárias. O ponto de vista do autor (sempre presente, seja qual for a opção) é um instrumento narrativo. De uma forma muito simplificada, podemos dizer que Verne privilegia o conteúdo em detrimento da forma. O leitor caminha no dorso das suas palavras ao lado dos personagens que entram e saem conforme a necessidade narrativa. Strogoff, com a sua mãe e a "irmã" Nádia são das poucas personagens que percorrem todo o caminho construído por Jules Verne.
Tortura, violações, assassínios, batalhas, perseguições compõem este livro de aventuras capaz de atravessar várias realidades e culturas
Os detalhes presentes no texto são impressionantes, principalmente quando pensamos que Verne nunca visitou os países e regiões por onde viaja Strogoff.
O mundo narrado vem, essencialmente, de relatos de colegas seus da Sociedade Geografia e da Academia Francesa. Contou ainda com a preciosa ajuda de Ivan Turguenev, um dos principais escritores da na História da Literatura Russa.
Um grande livro, com mais de cem anos, para todas as gerações.
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