Lloro por ella. Assim poderia começar “Yoro” (Elsinore), de Marina Perezagua (n.1978, Sevilha). A fonética do nome desta menina aproxima-se da primeira pessoa do verbo Llorar [Chorar].
O testemunho de H, personagem principal deste livro, é um lamento, um choro, por Yoro.
Em 1945, é lançada a bomba atómica sobre Hiroxima. A bomba que desumanizou tinha um nome carinhoso: “little boy”. H., com treze anos, estava na escola, a dezenas de quilómetros do local onde “Enola Gay”, bombardeiro comandado por William Sterling Parsons, gerou destruição. H. sentiu a violência do impacto principalmente no sexo.
“ (…) embora conservasse as formas em todas as minhas extremidades, havia uma massa disforme e irreconhecível que ia do meu baixo-ventre até às virilhas. O inchaço era tão grande que, apesar de, naquele momento, não poder ter a certeza, tudo parecia indicar que a sanha da bomba havia arremetido principalmente com o meu sexo”
Muitos anos passados, H. conhece Jim, um soldado americano que procura desde a guerra com o Japão uma menina que ele havia adoptado. Essa menina chamava-se Yoro.
Por ordens militares, as crianças adoptadas só poderiam ficar com uma família durante cinco anos. Jim desobedeceu enquanto teve possibilidades. A menina foi-lhe retirada e enviada para uma outra família, em local desconhecido. H. junta-se a Jim nessa procura durante décadas.
“ (…) fui-me apercebendo de que na procura, na apropriação daquela filha, também eu poderia encontrar a filha que não havia podido ter.”
TEXTO COMPLETO: http://www.comunidadeculturaearte.com/yoro-viver-depois-de-hiroxima/
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