A O! Galeria, em Lisboa, recebeu a apresentação de
“O Toiro Azul” (Tcharan), de Manuela Ribeiro (texto) e Gonçalo Viana
(ilustrações.)
Galeria cheia, no passado domingo, para ouvir Luís
Ricardo Duarte (jornalista do Jornal de Letras), Adélia Carvalho (editora),
Marta Madureira (editora) e os autores falar sobre o toiro Serafim.
Após Adélia Carvalho ter lido “O Toiro Azul”, para
alegria das crianças presentes, Luís Ricardo Duarte procedeu à apresentação do
livro.
Segundo o jornalista do J.L., “ este toiro azul é um animal diferente. Se quiséssemos fazer a árvore
genealógica do toiro azul, poderíamos encontrar um patinho feio, um Maurício da
Gama, de David MacKintosh, que é sobre um aluno que entra na sala de aula e é
diferente de todos, ou até do senhor Sommer, de Patrick Suskind. (…) O toiro azul
é desses animais, seres ou pessoas fantásticas que cruzam a nossa infância e
povoam a nossa vida”
Manuela Ribeiro, uma das principais responsáveis
pelas Correntes d`Escritas, consegue no seu texto superar o desafio dos
opostos. Em “O Toiro Azul”, a fantasia da criança concilia-se com a ciência da
avó. Ricardo Duarte lembrou o exercício criativo de Gianni Rodari (especialista
em livros de literatura infantil), quando o autor italiano associou elementos
dissonantes, como o capuchinho verde, para captar a atenção das crianças.
“Por que é
que não há de haver um touro Azul?”, disse a autora. “E, obviamente, por que é que nós não havemos de pensar que a diferença
em vez de ser um problema pode ser uma qualidade?”
A história de “O Toiro Azul”, quarto livro infantil
de Manuela Ribeiro, nasceu de uma conversa com uma colega. Nessa conversa,
foi-lhe dito que a avó da colega contava uma história muito apreciada por ela,
quando criança. No entanto, agora só se lembra do título: “O Toiro Azul”. Manuela
Ribeiro resolveu partir desse título para chegar à história. E Gonçalo Viana
parte do texto para chegar à ilustração. Segundo o ilustrador, o seu trabalho “vem sempre do texto. Leio primeiro o texto
para perceber qual é o significado que o autor está a tentar alcançar. Depois
tento sempre tornar o desenho interessante.”
As ilustrações de Gonçalo Viana remetem para as
pinturas de Almada Negreiros ou para um certo futurismo russo, de acordo com a
opinião de Luís Ricardo Duarte. Gonçalo Viana confirmou a existência dessas
influências:
“Embora eu
tenha querido ser ilustrador desde criança, fui para Arquitectura. Na altura,
não conhecia ninguém que ganhava a vida a desenhar. Em Arquitectura gostava
muito do desconstrutivismo. Fui influenciado pelos desconstrutivistas e
futuristas russos”
A terminar a apresentação, a editora Adélia
Carvalho afirmou não ter havido dúvidas na escolha do ilustrador. Pela
conjugação das cores e pelo trabalho sobre as personagens, as editoras da
Tcharan perceberam que o ilustrador escolhido para o texto de Manuela Ribeiro
teria de ser Gonçalo Viana. Nessa conjugação entre desenho e texto foi criado
“O Toiro Azul”.
Mário Rufino
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