O
silêncio do Sameiro permite o chamamento pelos sinos, formais e seculares, dos
crentes. O caminho para a igreja é ingreme, sublinhado por muitas escadas, até
desaguar num pequeno pátio defronte da igreja. É domingo de Escritaria.
Este vazio,
demarcado pelas badaladas das horas, é o mesmo vazio que existe antes de ser
preenchido pelo verbo. É o espaço uterino da criação. E a criatura tem horror a
esse limbo sem espaço nem tempo.
A palavra
é angular em celebrações. No dia anterior, na conferência sobre Lídia Jorge,
amigos e admiradores juntaram as vozes em louvor; à noite, Padre Anselmo Borges
apresentou, em 4 andamentos, “O Organista”, da autora homenageada; o islâmico
Slimani agradeceu a Alá, sob os cânticos dos aficionados, os dois golos
marcados ao Penafiel no Estádio Municipal 25 de Abril.
A
revolução dos cravos esteve presente nas músicas e nas letras do grupo de
teatro “Andaime”, que interpretou obras de homenageados anteriores.
A palavra
é o espelho, recipiente e agente transformador da realidade. A ela recorreram
os conferencistas, nos dias 04 e 05, para enaltecer a capacidade e complexidade
criativa de Lídia Jorge.
A mestria
literária é suplantada pelos afectos, e a classe e beleza da autora encontra
eco na sua prosa.
Penafiel
tatuou em si a criatividade de Lídia Jorge. O amor está presente na pedra.
Lídia
Jorge observou-se na visão dos outros. E gostou, certamente, do que viu. A
escritora povoou Penafiel com as suas personagens, criou tempos paralelos e
realidades provisórias nas realidades e tempos da vida dos penafidelenses.
Agora, foi Penafiel a criar e habitar um espaço perene na memória da autora
portuguesa.
O Planeta Livro esteva na Escritaria 2014 a convite da Câmara Municipal de Penafiel e do Blogue Morrighan. A todos, muito obrigado.
Até 2015
Mário Rufino
O Planeta Livro esteva na Escritaria 2014 a convite da Câmara Municipal de Penafiel e do Blogue Morrighan. A todos, muito obrigado.
Até 2015
Mário Rufino
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