Um dos muitos aspectos inebriantes na Literatura é a autoria.
A composição teórica de um nome de autor é complexa. Esse nome reúne influências transversais a várias competências.
Tolstoi, por exemplo, não se resume a um homem; ele é a coexistência entre diferentes autores, épocas e vivências.
A qualidade de “Ana Karenine” ou “Guerra e Paz” marcaram a História da Literatura Universal com o nome do respectivo autor: Tolstoi.
Se um leitor disser “estou a ler Tolstoi”, quem o ouvir associa qualidade ao texto lido independentemente da efectiva qualidade desse texto. Estamos perante o “Vício de Propriedade”.
É mais fácil para o leitor falar sobre um autor conceituado do que de um autor desconhecido, partindo do princípio de que enaltece o correspondente trabalho. Caso não tenha um discurso laudatório, é possível ter de enfrentar acusações de pouca clareza, ignorância ou arrogância.
Os leitores que se antagonizam acabam por marcar o território com injúrias. É uma substituição da urina canina. Eles assumem as possíveis dores dos próprios autores e marcam território. Seja por crença na Estética, ou por básica inveja, esses leitores inibem-se (e tentam inibir) de observar uma das riquezas da literatura: a pluralidade. O enclausuramento em trincheiras conduz a dogmas. São louvados títulos de determinado autor consagrado, ou de específicas áreas geográficas ou temáticas, não merecedores (as) de discurso laudatório. Essa atenção deve-se à defesa de uma posição dominada pelo “vício de propriedade”. Uma vez dependente e entrincheirado (por vezes utiliza-se a palavra “especializado”), o leitor tem dificuldade em sair.
Lembremo-nos da efeméride do multiculturalismo, ou - mais recentemente- do filão Bolaño, ou da actual adulação por quase tudo o que é nórdico.
Concebo a descoberta de um novo autor como a oposição radical ao “vício de propriedade”.
Reconhecer qualidade num texto literário sem o apoio de informações paratextuais implica um conhecimento aprofundado de Literatura. Repare-se: O texto não tem um nome com força suficiente para o adjectivar; as possíveis influências terão de ser descobertas pelo “garimpeiro”, leitor desse texto; não há nada além das características literárias da produção escrita.
A competência de leitura é constituída pela qualidade e quantidade das leituras de quem recebe esse novo texto de um novo autor. A intertextualidade limita-se à relação entre o texto presente e os textos passados. Não há aval de publicações nem de críticos literários; poucos ou nenhuns leitores o conhecem, mas há “algo” merecedor de atenção, há o indizível inerente à literatura.
O leitor está só perante o texto. Tem de confiar na sua própria sensibilidade.
A procura de aceitação é intrínseca ao ser humano; a “crítica de badana” aproveita-se disso e tentar validar a escolha do leitor/consumidor. Críticos apoiam-se em críticos; a máquina publicitária apoia-se (entre muitos outros factores) nas palavras dos críticos. O próprio crítico pode ter um nome que adjectiva as suas opiniões. Não poucas vezes, primeiras edições apoiam-se em citações de publicações e/ou críticos afamados.
O leitor-primeiro não tem acesso à auto-referencialidade da crítica literária. Com menos suporte - e vícios-, o leitor-primeiro lidera. Ele depende, essencialmente, de um factor:
A sua própria competência de leitura.
As comunidades de leitura, tão utilizadas para o lançamento de capítulos transformados depois em livro, fazem deste leitor-primeiro (editor, na maioria das vezes) uma entidade colectiva. Em qualquer das situações, o nome de autor vai ganhando reconhecimento. E o livro seguinte já poderá estar sob esse “vício de propriedade”.
A composição teórica de um nome de autor é complexa. Esse nome reúne influências transversais a várias competências.
Tolstoi, por exemplo, não se resume a um homem; ele é a coexistência entre diferentes autores, épocas e vivências.
A qualidade de “Ana Karenine” ou “Guerra e Paz” marcaram a História da Literatura Universal com o nome do respectivo autor: Tolstoi.
Se um leitor disser “estou a ler Tolstoi”, quem o ouvir associa qualidade ao texto lido independentemente da efectiva qualidade desse texto. Estamos perante o “Vício de Propriedade”.
É mais fácil para o leitor falar sobre um autor conceituado do que de um autor desconhecido, partindo do princípio de que enaltece o correspondente trabalho. Caso não tenha um discurso laudatório, é possível ter de enfrentar acusações de pouca clareza, ignorância ou arrogância.
Os leitores que se antagonizam acabam por marcar o território com injúrias. É uma substituição da urina canina. Eles assumem as possíveis dores dos próprios autores e marcam território. Seja por crença na Estética, ou por básica inveja, esses leitores inibem-se (e tentam inibir) de observar uma das riquezas da literatura: a pluralidade. O enclausuramento em trincheiras conduz a dogmas. São louvados títulos de determinado autor consagrado, ou de específicas áreas geográficas ou temáticas, não merecedores (as) de discurso laudatório. Essa atenção deve-se à defesa de uma posição dominada pelo “vício de propriedade”. Uma vez dependente e entrincheirado (por vezes utiliza-se a palavra “especializado”), o leitor tem dificuldade em sair.
Lembremo-nos da efeméride do multiculturalismo, ou - mais recentemente- do filão Bolaño, ou da actual adulação por quase tudo o que é nórdico.
Concebo a descoberta de um novo autor como a oposição radical ao “vício de propriedade”.
Reconhecer qualidade num texto literário sem o apoio de informações paratextuais implica um conhecimento aprofundado de Literatura. Repare-se: O texto não tem um nome com força suficiente para o adjectivar; as possíveis influências terão de ser descobertas pelo “garimpeiro”, leitor desse texto; não há nada além das características literárias da produção escrita.
A competência de leitura é constituída pela qualidade e quantidade das leituras de quem recebe esse novo texto de um novo autor. A intertextualidade limita-se à relação entre o texto presente e os textos passados. Não há aval de publicações nem de críticos literários; poucos ou nenhuns leitores o conhecem, mas há “algo” merecedor de atenção, há o indizível inerente à literatura.
O leitor está só perante o texto. Tem de confiar na sua própria sensibilidade.
A procura de aceitação é intrínseca ao ser humano; a “crítica de badana” aproveita-se disso e tentar validar a escolha do leitor/consumidor. Críticos apoiam-se em críticos; a máquina publicitária apoia-se (entre muitos outros factores) nas palavras dos críticos. O próprio crítico pode ter um nome que adjectiva as suas opiniões. Não poucas vezes, primeiras edições apoiam-se em citações de publicações e/ou críticos afamados.
O leitor-primeiro não tem acesso à auto-referencialidade da crítica literária. Com menos suporte - e vícios-, o leitor-primeiro lidera. Ele depende, essencialmente, de um factor:
A sua própria competência de leitura.
As comunidades de leitura, tão utilizadas para o lançamento de capítulos transformados depois em livro, fazem deste leitor-primeiro (editor, na maioria das vezes) uma entidade colectiva. Em qualquer das situações, o nome de autor vai ganhando reconhecimento. E o livro seguinte já poderá estar sob esse “vício de propriedade”.
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