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Texto sobre "Contos" (Bertrand), de Thomas Mann

Thomas Mann: um gigante a analisar o detalhe.






Thomas Mann (Lübeck, 1875 - 1955), autor de “Doutor Fausto” (1947), “A Montanha Mágica” (1924), “Morte em Veneza” (1912), e “Tonio Kröger” (1903), tem em “Contos” (Bertrand) um exemplo da sua capacidade de prosador.
Esta colectânea de narrativas curtas do autor alemão, nobelizado em 1929, compreende o período entre 1896 (“Desilusão”) e 1925 (“Alvoroço e mágoa prematura”). Na sua composição existem ficções tão marcantes como “O Pequeno senhor Friedemann” (1897), “Tobias Mindernickel” (1897), “Tristão” (1903), “Gladius Dei” (1902), “Alvoroço e mágoa prematura” (1925).
 “Contos”, (título original: “Herr und Hund”), apresenta um conjunto heterogéneo de narrativas breves. Aliás, esta heterogeneidade permite afirmar que a formalização dos textos presentes não se resume a contos. Tanto a estrutura como o conteúdo e a extensão vão desde as narrativas mais breves até às novelas. Assim sendo, o conteúdo do livro é muito mais rico do que o título pressupõe.
No aspecto formal, as dificuldades impostas pelas características das narrativas breves dão menos liberdade a um escritor. A captura do efémero, de uma particularidade de um acontecimento, não incentiva o desenvolvimento da acção ou do aprofundamento das singularidades das personagens. Tudo tem de ser mais sucinto. Thomas Mann sabe disso e não se inibe de o partilhar com o leitor:
“Era um cachorro único, valia ouro, recreava verdadeiramente os olhos; mas, com pena nossa, não é para aqui chamado, pelo que temos de o deixar de lado.” Pág. 111
A heterogeneidade formal de “Contos” é base para a temática já presente em “Tonio Kröger” ou “Morte em Veneza” para citar somente dois exemplos: A dialéctica entre a vida e a morte, a relação entre a Arte e a Moralidade, a produção e recepção da arte, o confronto estético entre a beleza e a mortalidade/decadência, etc.
Thomas Mann (Lübeck, 1875 - 1955), autor de “Doutor Fausto” (1947), “A Montanha Mágica” (1924), “Morte em Veneza” (1912), e “Tonio Kröger” (1903), tem em “Contos” (Bertrand) um exemplo da sua capacidade de prosador.
Esta colectânea de narrativas curtas do autor alemão, nobelizado em 1929, compreende o período entre 1896 (“Desilusão”) e 1925 (“Alvoroço e mágoa prematura”). Na sua composição existem ficções tão marcantes como “O Pequeno senhor Friedemann” (1897), “Tobias Mindernickel” (1897), “Tristão” (1903), “Gladius Dei” (1902), “Alvoroço e mágoa prematura” (1925).
 “Contos”, (título original: “Herr und Hund”), apresenta um conjunto heterogéneo de narrativas breves. Aliás, esta heterogeneidade permite afirmar que a formalização dos textos presentes não se resume a contos. Tanto a estrutura como o conteúdo e a extensão vão desde as narrativas mais breves até às novelas. Assim sendo, o conteúdo do livro é muito mais rico do que o título pressupõe.
No aspecto formal, as dificuldades impostas pelas características das narrativas breves dão menos liberdade a um escritor. A captura do efémero, de uma particularidade de um acontecimento, não incentiva o desenvolvimento da acção ou do aprofundamento das singularidades das personagens. Tudo tem de ser mais sucinto. Thomas Mann sabe disso e não se inibe de o partilhar com o leitor:
“Era um cachorro único, valia ouro, recreava verdadeiramente os olhos; mas, com pena nossa, não é para aqui chamado, pelo que temos de o deixar de lado.” Pág. 111
A heterogeneidade formal de “Contos” é base para a temática já presente em “Tonio Kröger” ou “Morte em Veneza” para citar somente dois exemplos: A dialéctica entre a vida e a morte, a relação entre a Arte e a Moralidade, a produção e recepção da arte, o confronto estético entre a beleza e a mortalidade/decadência, etc.
O período abrangido pelas ficções deste livro permite ao leitor aproximar-se do fascínio de Thomas Mann por Schopenhauer, Nietzsche, Wagner, Goethe e Durer. Ao longo dos anos, outros nomes se juntaram às influências filosóficas e literárias de Mann, tais como Tolstoi, Rousseau, Schiller, por exemplo.
O mundo criativo de Mann, composto pela simbiose entre filosofia, biografia e autobiografia, tem o seu eixo na intertextualidade entre os autores mencionados. Se em “Buddenbrook”, a influência de Schopenhauer é muito visível, já em “Tonio Kröger” e, principalmente, em “Doutor Fausto” é Nietzsche que tem uma influência fulcral.
Em “Contos”, a influência filosófica destes autores mantém-se tão importante como em “Tonio Kröger”, “Morte em Veneza” ou “A Montanha Mágica”.
As personagens têm características físicas que estão ligadas a aspectos psicológicos, ou a acontecimentos que os marcaram emocionalmente. (“Luisinha”, “O Caminho para o cemitério”, “O pequeno senhor Friedemann”, “Tobias Mindernickel”…).
Os aspectos autobiográficos são visíveis, por exemplo, em “O Comediante”, onde o personagem demonstra a sua maior proximidade à mãe em detrimento do pai, tal qual aconteceu como Thomas Mann. Numa narrativa mais psicológica do que descritiva, o personagem de “O comediante” partilha o diletantismo, o epicurismo e a inadaptação com Friedemann (“O pequeno senhor Friedemann”).
Em “Tristão”, um triângulo amoroso é resolvido quando a mulher toca “Liebestod” (Amor-Morte”), de “Tristão e Isolda”, ópera composta por Wagner, para o pretendente.
O anti-social e assexuado Spinell (pretendente) virá a reclamar a alma de Gabriele Kloterjahan, deixando, segundo ele, a posse do corpo para Anton, o marido.
Filosofia, música e biografismo. O burguês versus o artista, a alma versus a carne, a vida versus a morte. Tudo em “Tristão”.
 
Cada texto de Thomas Mann tem várias camadas. São construções complexas e remetem para outros autores, outras obras e diferentes épocas da vida do autor. Essas épocas foram de uma brutalidade inigualável na História da Humanidade, pois abrangeram a 1ª e a 2ª Guerra Mundial.
Será a 2ª Guerra Mundial a provocar o afastamento do Nobel da Literatura do compositor Wagner e do filósofo Nietzsche. E do seu país, também. Tornar-se-ia cidadão americano em 1939.
“Contos” colige ficções importantes na evolução do cidadão e escritor Thomas Mann.
O período abrangido pelas ficções deste livro permite ao leitor aproximar-se do fascínio de Thomas Mann por Schopenhauer, Nietzsche, Wagner, Goethe e Durer. Ao longo dos anos, outros nomes se juntaram às influências filosóficas e literárias de Mann, tais como Tolstoi, Rousseau, Schiller, por exemplo.
O mundo criativo de Mann, composto pela simbiose entre filosofia, biografia e autobiografia, tem o seu eixo na intertextualidade entre os autores mencionados. Se em “Buddenbrook”, a influência de Schopenhauer é muito visível, já em “Tonio Kröger” e, principalmente, em “Doutor Fausto” é Nietzsche que tem uma influência fulcral.
Em “Contos”, a influência filosófica destes autores mantém-se tão importante como em “Tonio Kröger”, “Morte em Veneza” ou “A Montanha Mágica”.
As personagens têm características físicas que estão ligadas a aspectos psicológicos, ou a acontecimentos que os marcaram emocionalmente. (“Luisinha”, “O Caminho para o cemitério”, “O pequeno senhor Friedemann”, “Tobias Mindernickel”…).
Os aspectos autobiográficos são visíveis, por exemplo, em “O Comediante”, onde o personagem demonstra a sua maior proximidade à mãe em detrimento do pai, tal qual aconteceu como Thomas Mann. Numa narrativa mais psicológica do que descritiva, o personagem de “O comediante” partilha o diletantismo, o epicurismo e a inadaptação com Friedemann (“O pequeno senhor Friedemann”).
Em “Tristão”, um triângulo amoroso é resolvido quando a mulher toca “Liebestod” (Amor-Morte”), de “Tristão e Isolda”, ópera composta por Wagner, para o pretendente.
O anti-social e assexuado Spinell (pretendente) virá a reclamar a alma de Gabriele Kloterjahan, deixando, segundo ele, a posse do corpo para Anton, o marido.
Filosofia, música e biografismo. O burguês versus o artista, a alma versus a carne, a vida versus a morte. Tudo em “Tristão”.

Cada texto de Thomas Mann tem várias camadas. São construções complexas e remetem para outros autores, outras obras e diferentes épocas da vida do autor. Essas épocas foram de uma brutalidade inigualável na História da Humanidade, pois abrangeram a 1ª e a 2ª Guerra Mundial.
Será a 2ª Guerra Mundial a provocar o afastamento do Nobel da Literatura do compositor Wagner e do filósofo Nietzsche. E do seu país, também. Tornar-se-ia cidadão americano em 1939.
“Contos” colige ficções importantes na evolução do cidadão e escritor Thomas Mann.

ContosContos by Thomas Mann
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Texto sobre "Contos" (Bertrand), de Thomas Mann (Diário Digital)
Thomas Mann: um gigante a analisar o detalhe.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp...


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http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/literature/laureates/1929/mann-bio.html

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