Ilija Trojanow apresenta “O Colecionador de Mundos”, um livro de fascínios
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Ilija
Trojanow, autor contemplado com o Prémio da Feira do Livro de Leipzig
(Narrativa) em 2006 e com o prémio literário alemão Maizer Stadtschreiber,
entre outros, esteve no Goethe-Institut, em Lisboa, com o objectivo de divulgar
o seu livro “O Colecionador de Mundos”, editado por Arkheion Editora.
“O
Colecionador de Mundos” é um romance sobre a vida de Sir Richard Francis Burton
(1821-1890). Este oficial do Exército Britânico foi viajante, explorador e
tradutor de livros canónicos como “As Mil e Uma Noites” e “Kama Sutra”. A sua
inquietude e curiosidade levaram-no a viajar constantemente. A sua produção
escrita demonstra um acentuado interesse pelo sexo e sexualidade, entre outros
assuntos. Muitos dos seus trabalhos foram destruídos pela sua esposa, Isabel
Burton (1831-1896).
Sir Richard Francis Burton faleceu no ano de 1890, em Trieste.
Sir Richard Francis Burton faleceu no ano de 1890, em Trieste.
Pedro
Rosa Mendes, Prémio PEN 2000 e 2011, apresentou o livro e o respectivo autor.
Segundo
o escritor português, o leitor está perante um livro de fascínios que consegue
unir a fruição do texto à densidade literária. “Colecionador de Mundos” não se
reduz a uma viagem física; é também uma viagem espiritual que permite a análise
da construção da identidade. Escritor e personagem unem-se pela inquietação que
a pergunta impõe: “Quem sou eu?”
Conhecer o “Outro” aproxima quem se interroga da resposta que procura.
Conhecer o “Outro” aproxima quem se interroga da resposta que procura.
A
perspectiva de Trojanow sobre Sir Richard Francis Burton é indissociável do seu
próprio trajecto pessoal. O autor-viajante nascido em Sófia é um colecionador
de perspectivas. Ao ter sido influenciado por diversas culturas (viveu na
Bulgária, Itália, França, Jugoslávia e estudou/viveu no Quénia e Alemanha),
Trojanow teve a oportunidade de pluralizar as perspectivas que formam a sua
identidade social. O sentimento individual de identidade deste autor foi
construído dentro de várias realidades sociais. As narrativas que ele produziu
sobre a relação entre si e os outros abrangem diferentes sociedades e, como
tal, diversas tradições, percepções, crenças e juízos.
Neste
livro,Trojanow segue os passos de Burton. Ao fazê-lo, encontra a violência
intrínseca à exclusividade, mas descobre também a pacificação que o homem
oferece ao homem no acto de aceitação, inclusão e igualdade.
Edward Said, em “Cultura e Imperialismo”, afirma que «Não há nada de misterioso ou natural na autoridade. Forma-se, irradia-se e dissemina-se; é instrumental, é persuasiva; tem estatuto, estabelece cânones de gosto e valor; é virtualmente indiscernível de certas ideias que dignifica como sendo verdadeiras, de tradições, percepções e juízes que efectua, transmite e reproduz.»
Edward Said, em “Cultura e Imperialismo”, afirma que «Não há nada de misterioso ou natural na autoridade. Forma-se, irradia-se e dissemina-se; é instrumental, é persuasiva; tem estatuto, estabelece cânones de gosto e valor; é virtualmente indiscernível de certas ideias que dignifica como sendo verdadeiras, de tradições, percepções e juízes que efectua, transmite e reproduz.»
Sir
Richard Francis Burton teve a capacidade de desconstruir o discurso de
superioridade cultural por parte das potências colonizadoras. Foi,
principalmente, esta desmistificação por parte do explorador britânico que
motivou Trojanow a escrever este livro.
“Colecionador de Mundos” apresenta-se como um exercício de releitura de um passado, com toda a sua riqueza imagética, dominado pelas ideologias das potências colonizadoras.
Ilija Trojanow reinterpreta o passado colonial ao reescrever, ficcionalmente, um importante período da vida de Sir Richard Francis Burton.
“Colecionador de Mundos” apresenta-se como um exercício de releitura de um passado, com toda a sua riqueza imagética, dominado pelas ideologias das potências colonizadoras.
Ilija Trojanow reinterpreta o passado colonial ao reescrever, ficcionalmente, um importante período da vida de Sir Richard Francis Burton.
Mário Rufino
mariorufino.textos@gmail.com
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